Cármen Lúcia considera preocupante apreensão de dinheiro nas eleições

A presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministra Cármen Lúcia, disse neste domingo (6) que considera preocupante as apreensões de dinheiro em espécie realizadas pela Policia Federal (PF) durante a campanha eleitoral. 

De acordo com a PF, cerca de R$ 21 milhões em espécie foram apreendidos em todo o país durante o primeiro turno. 

Ao visitar o Centro de Divulgação das Eleições no início desta noite, a ministra foi perguntada sobre o assunto e afirmou que a Justiça Eleitoral vai trabalhar com a PF e o Ministério Público para investigar as apreensões, que são oriundas de suspeitas de compra de votos. 

“Isso [apreensão] é preocupante para todo mundo, mas nós não tínhamos antes desta eleição dados concretos sobre dinheiro. Então, daqui para a frente, vamos trabalhar para ter dados”, afirmou. 

Apuração

A apuração dos votos é acompanhada no TSE pelos ministros do tribunal e do Supremo Tribunal Federal (STF), que estão reunidos na sala da presidência da Corte. 

O presidente do STF, ministro Luis Roberto Barroso, também acompanha a totalização. Para o ministro, as eleições ocorreram neste domingo sem sobressaltos. 

“Felizmente, não tem nada de extraordinário acontecendo. As pessoas estão votando e nós estaremos divulgando o resultado poucas horas depois das eleições, consagrando esse sistema de votação que nós temos, provavelmente, o melhor do mundo”, afirmou. 

Mais de 155 milhões de eleitores estavam aptos a votar em 5.569 municípios neste primeiro turno. 

O segundo turno da disputa poderá ser realizado em 27 de outubro em 103 municípios com mais de 200 mil eleitores, nos quais nenhum dos candidatos à prefeitura atinja mais da metade dos votos válidos, excluídos os brancos e nulos, no primeiro turno.

Fonte: EBC Notícias

Não há razão para Supremo considerar Lei das Bets inconstitucional, dizem especialistas

Não há razão para que o texto da Lei das Bets (Lei 14.790/2023) seja declarado integralmente inconstitucional, como pedem duas ações diretas de inconstitucionalidade ajuizadas no Supremo Tribunal Federal no último mês.

Essa avaliação é de especialistas no assunto ouvidos pela revista eletrônica Consultor Jurídico. As ADIs, segundo eles, carregam preocupações legítimas, mas que deveriam ser direcionadas ao Congresso Nacional, a quem caberia cuidar de ampliar a proteção de pessoas vulneráveis contra as apostas.

As ADIs alegam que a Lei das Bets, sancionada em dezembro do ano passado, viola os princípios fundamentais da dignidade da pessoa humana e dos valores sociais do trabalho e da livre iniciativa, além do direito à saúde e do dever do Estado de regulação da ordem econômica.

A primeira delas, a ADI 7.721, é de iniciativa da Confederação Nacional do Comércio (CNC). A entidade destaca na petição inicial o endividamento das famílias com as apostas e, em consequência da menor circulação de renda, a perda sofrida pelo setor varejista, estimada em R$ 117 bilhões ao ano.

Já a ADI 7.723 foi apresentada pelo Partido Solidariedade. A sigla alerta para o comportamento de risco associado ao jogo compulsivo e o prejuízo a programas sociais, fazendo menção ao estudo do Banco Central que identificou que, apenas em agosto, beneficiários do Bolsa Família gastaram R$ 3 bilhões com as bets.

O relator de ambas as ações, ministro Luiz Fux, convocou uma audiência pública sobre o tema para o dia 11 de novembro.

Previsão constitucional

Para Paulo Peixoto, professor de Direito Constitucional do Damásio Educacional, a preocupação com a disseminação das casas de apostas é válida, em virtude dos prejuízos sociais e econômicos causados por elas.

Contudo, do ponto de vista técnico-jurídico, ele diz que a Lei das Bets não padece de vício de inconstitucionalidade, já que a Constituição Federal assegura o livre exercício de qualquer atividade econômica, salvo nos casos previstos em lei, e determina à União a competência para legislar sobre sorteios, que se assemelham às apostas online.

“Ademais, a própria lei dispõe sobre a responsabilidade, integridade e transparência para as práticas, prevendo proteção aos consumidores, às crianças e adolescentes, à Lei Geral de Proteção de Dados e à própria saúde pública.”

A constitucionalista Vera Chemin lembra que a exploração das apostas de quota fixa, como também são chamadas as bets, foi permitida pela Lei 13.756/2018, e não pela Lei das Bets, que apenas regulou lacunas da norma anterior.

“Nessa direção, a lei em debate cumpre a sua finalidade, a partir do momento em que dispõe sobre todos os requisitos a serem satisfeitos pelas empresas de apostas“, afirma a advogada.

“Não se pode partir do pressuposto simplista de que a íntegra da lei é inconstitucional, até porque ela contém mecanismos que possibilitam um controle e fiscalização das atividades das empresas operadoras, além de viabilizarem o combate à lavagem de dinheiro e, por consequência, às organizações criminosas”.

Jurisprudência do STF

Fernanda Meirelles, responsável pela prática de TMT no FAS Advogados, adota linha parecida: “Ainda que essas ações sejam acolhidas, o efeito prático seria a revogação da regulamentação instituída pela Lei 14.790/2023, enquanto a atividade de apostas permaneceria legalizada. Isso colocaria o Brasil e os consumidores em uma situação mais vulnerável, retornando a um cenário de falta de regulamentação”.

A advogada entende que a exploração das apostas já foi objeto de análise do Supremo no julgamento conjunto da ADI 4.986 e das Arguições de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPFs) 492 e 493. Naquela ocasião, a corte decidiu que a União tem competência privativa para legislar sobre sorteios, mas os estados podem explorá-los.

ADIs pertinentes

Já para Lúcia Helena Polleti Bettini, sócia da banca Tortoro Madureira & Ragazzi Advogados, as ADIs ainda são pertinentes mesmo que não haja inconstitucionalidade no fato de a União regular a matéria.

“Nós temos sempre de pensar a supremacia constitucional e a sua unidade, a harmonização entre as normas. Então uma norma que, em um primeiro momento, se entenda necessária para tirar da ilegalidade as apostas não pode afetar outras dimensões da vida humana, chegar ao ponto de afetar a Constituição em seus preceitos fundamentais.”

Ou seja, ainda que a legalização não seja inconstitucional em si, a ocorrência das apostas não pode deixar de atender aos parâmetros da Carta Magna, sendo necessário impor restrições e também adotar políticas públicas educativas.

“Precisamos ter um olhar sistêmico, para que não passemos só a proibir. Não vamos retirar os problemas com a inconstitucionalidade. Temos de criar meios de fazer com que esses jogos aconteçam com responsabilidade e sem afetação dos públicos vulneráveis, com isso chegamos a essa dinâmica de vontade de Constituição.”

Eduardo Bruzzi, sócio do BBL Advogados, afirma que cabe um debate constitucional sobre certa falta de isonomia entre os operadores das apostas em relação à concessão de licença pelo governo federal.

“Aqueles interessados que solicitaram autorização ao Ministério da Fazenda até o último dia 30 estão habilitados a continuar operando de forma provisória até a obtenção de licença. Por outro lado, os interessados que protocolarem seu pedido a partir do dia 1º de outubro apenas poderão iniciar ou retomar a operação após a concessão da licença.”

Regulação e fiscalização

Paulo Peixoto e Fernanda Meirelles concordam que a regulação tem potencial maior de inibir os efeitos danosos das apostas do que a falta de regras, situação que perdurou desde que as bets foram legalizadas, na gestão de Michel Temer (MDB), em 2018 — passando sem alterações pelo governo de Jair Bolsonaro (PL) —, até a sanção da Lei das Bets por Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

“Uma vez regulamentado, é dever do poder público garantir a segurança dos apostadores, adotando posturas rígidas para o cadastro e fiscalização das bets, inclusive quanto à publicidade, a fim de coibir condutas abusivas, bem como utilizar parte dos recursos arrecadados com políticas públicas em prol da educação e saúde”, afirma o professor.

“Ao contrário do que é alegado nessas ações, não é a regulamentação que impulsiona o aumento das apostas, mas, sim, o já elevado volume de apostas realizadas por brasileiros que demandou a criação de regras para o setor. A regulamentação estruturada e rigorosa, como a brasileira, não só oferece segurança aos apostadores, mas também impõe às plataformas responsabilidades claras — exatamente o que as ADIs afirmam buscar”, diz a advogada.

Proteção a vulneráveis

Vera Chemin diz que, apesar de a Lei das Bets ser constitucional, a legislação sobre o tema carece de maior proteção a grupos vulneráveis, como idosos e famílias com baixa renda.

Ainda segundo a constitucionalista, essa discussão não deve se pautar unicamente por convicções morais e precisa estar centrada no Legislativo, que tem a competência prevista pela Constituição para alterar as normas, com o apoio institucional dos órgãos que compõem o Ministério da Fazenda, tanto no âmbito federal quanto no estadual.

“A partir do momento em que o Congresso Nacional se mantiver omisso, o tema objeto das ADIs ajuizadas junto ao STF terá a infeliz missão de aumentar ainda mais os conflitos entre um poder político que tem o dever e a competência constitucional para atender aos clamores dos seus eleitores e um poder técnico e apolítico que precisa praticar a autocontenção, a despeito da obrigação de responder às ADIs ajuizadas”, avalia ela.

Mudança de tom

Desde a semana passada, quando vieram à tona os gastos bilionários de beneficiários do Bolsa Família com as bets, foram protocolados apenas na Câmara 32 projetos de lei para endurecer o acesso às casas de apostas, restringir a publicidade desse mercado e combater a ludopatia, a dependência patológica dos jogos de azar.

O governo Lula também prevê um pacote de medidas, que deve incluir a proibição do uso do cartão do Bolsa Família nos jogos. O Ministério da Fazenda, que regula o setor por meio da Secretaria de Prêmios e Apostas, criada em janeiro, anunciou que cerca de dois mil sites irregulares de bets serão retirados do ar.

No ano passado, a regulamentação das bets teve início com a Medida Provisória 1.182/23, cercada de expectativa do governo por causa de um potencial de arrecadação anual sobre o setor entre R$ 6 bilhões e R$ 12 bilhões.

Junto com a MP, foi enviado o PL 3.626/23 à Câmara, que o aprovou em votação simbólica. A versão aprovada passou a incluir outros jogos online, como cassinos, e não apenas as apostas esportivas. O Senado também avalizou a proposta simbolicamente, sem a contabilização individual dos votos, mas com modificações, o que fez o texto voltar à Câmara.

O texto-base do PL que originou a Lei das Bets acabou aprovado pelos deputados com 292 votos favoráveis e 114 contrários. Naquela altura, parte da oposição e a bancada evangélica manifestaram contrariedade à regulamentação.

Discussão no STF

Lúcia Bettini e Eduardo Bruzzi defendem que a prioridade ao Legislativo não exclui a participação do Supremo na discussão.

“É certo que o STF precisará opinar sobre essa eventual inconstitucionalidade da Lei nº 14.790/2023, ainda mais agora que as disputas judiciais da União com loterias estaduais estão em pleno andamento e trazendo insegurança jurídica para o recém-regulado mercado de apostas esportivas brasileiro”, afirma o advogado.

“O ministro Fux fez bem em chamar a audiência pública. Tem de ouvir mesmo todos os interessados e criar mecanismos para pensarmos em uma solução, para reduzir os impactos negativos na vida das pessoas”, diz Lúcia.

Clique aqui para ler a petição inicial
ADI 7.721

Clique aqui para ler a petição inicial
ADI 7.723

Fonte: Conjur

Pelo menos nove estados terão Lei Seca durante eleições municipais

Pelo menos nove estados brasileiros proibirão a venda de bebidas alcoólicas no dia das eleições municipais, marcadas para o próximo domingo (6). Em seis deles, a medida valerá em todo o estado: Acre, Amapá, Pará, Piauí, Maranhão e Alagoas.

Em outros três, a medida será restrita a zonas eleitorais específicas. No Tocantins, serão quatro zonas, enquanto em Mato Grosso serão três, segundo informações dos tribunais regionais eleitorais (TREs). Em Goiás, o TRE não informou sobre as zonas que terão a chamada Lei Seca, mas pelo menos uma delas anunciou que adotará a proibição.

A proibição da venda de bebidas alcoólicas durante as eleições é decidida localmente pelas autoridades de segurança pública e eleitorais. A ideia é reduzir os riscos de desordem que prejudiquem o processo eleitoral. Em alguns estados, a decisão coube às secretarias de Segurança, como foi o caso dos estados do Piauí, Maranhão e de Alagoas.

No Acre, a decisão coube aos juízes eleitorais de primeira instância. Os responsáveis pelas nove zonas eleitorais do estado expediram portarias decretando a Lei Seca em suas respectivas áreas. Nos estados de Mato Grosso, do Tocantins e de Goiás, a definição também ficou por conta dos magistrados de cada zona.

Já no Pará, as regras da Lei Seca serão definidas em comum acordo entre os juízes eleitorais e a Polícia Civil dos municípios, “avaliando as especificidades, o contexto e a situação de cada localidade. Porém, a publicação de portaria com as normas para todo o estado é de responsabilidade da Secretaria estadual de Segurança Pública, por meio da Delegacia Geral de Polícia Civil. A partir desse documento, os juízes eleitorais podem definir os horários da Lei Seca, de acordo com a realidade dos municípios”.

O TRE do Amapá informou em nota, na noite de terça-feira (1º), que os juízes cumprirão rigorosamente a Portaria da Lei Seca, “garantindo a ordem e a segurança nos dias que antecedem e no próprio dia das eleições”, sem indicar quem seria o responsável pela decisão.

Estados sem proibição

Entre os estados que confirmaram à Agência Brasil que não haverá Lei Seca durante as eleições, estão Minas Gerais, o Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e Santa Catarina. No caso do Paraná e de Pernambuco, os TREs informaram que a decisão caberia às secretarias de Segurança, mas que não haviam recebido qualquer notificação até essa quarta-feira (2).

No caso do Espírito Santo, ocorreu o oposto. A Secretaria de Segurança informou que a decisão caberia ao TRE e que não tinha recebido nenhuma notícia de aplicação da Lei Seca. Na Bahia e no Ceará, as secretarias de Segurança informaram que a decisão caberia aos TREs e solicitaram que a Agência Brasil procurasse os respectivos tribunais, os quais não responderam ao questionamento.

Nos demais estados, nem o TRE nem a Secretaria de Segurança responderam à Agência Brasil. A Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), entidade que se posiciona contra a Lei Seca nas eleições, informou que, além do RS, de MG, PE, do PR, ES e RJ, os estados de São Paulo, Sergipe, da Paraíba, Bahia e do Rio Grande do Norte decidiram não fazer qualquer restrição à venda de bebidas alcoólicas no dia da eleição. “Nos estados que ainda tèm lei seca, a Abrasel tem recorrido para derrubá-la”, informou a assessoria de imprensa da associação.

Fonte: EBC Notícias

X diz ao Supremo que vai pagar R$ 28,6 milhões em multas

A rede social X informou nesta terça-feira (1°) ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que vai pagar multas que somam R$ 28,6 milhões para voltar a operar no Brasil.

A manifestação da defesa da rede foi feita após Moraes anunciar, na sexta-feira (27), novas determinações para liberar o funcionamento da rede no Brasil.

Segundo o X, o valor total das multas devidas envolve R$ 18 milhões que foram bloqueados nas contas do X e da Starlink, empresa que também é de propriedade de Elon Musk, mais R$ 10 milhões pelo acesso que foi permitido por meio da plataforma Cloudflare e R$ 300 mil que foram aplicados contra a advogada Rachel Villa Nova, representante legal da rede.

Na mesma decisão, o ministro reiterou que o Banco Central e a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) cumpram sua decisão anterior que determinou o desbloqueio das contas do X. 

Na semana passada, os advogados do X pediram ao ministro a liberação da representação no Brasil, além de indicar a advogada para atuar como representante legal da empresa no país.

No mês passado, Moraes retirou o X do ar após a empresa fechar seu escritório do Brasil, condição obrigatória para qualquer firma funcionar no país.

O bilionário Elon Musk, dono da rede social,  anunciou o fechamento da sede da empresa no Brasil após a rede ser multada por se recusar a cumprir a determinação de retirar do ar perfis de investigados pela Corte pela publicação de mensagens consideradas antidemocráticas. 

Fonte: EBC Notícias

STF suspende julgamento que pode ampliar foro privilegiado

O ministro Nunes Marques, do Supremo Tribunal Federal (STF), pediu vista e suspendeu o julgamento virtual que pode ampliar o foro por prerrogativa de função, nome técnico do foro privilegiado, para parlamentares e ministros de Estado.

A análise do caso começou na semana passada e seria finalizada às 23h59 desta sexta-feira (27). Até o momento, o placar da votação está 6 votos a 2 pela ampliação do foro. Não há data para a retomada do julgamento.

A decisão vai atingir deputados federais e senadores que respondem a processos na Corte.

Prevalece o entendimento do relator, ministro Gilmar Mendes, segundo o qual  o foro privilegiado de um político fica mantido no STF se o crime tiver sido cometido durante o exercício da função de parlamentar. Essa é a regra válida atualmente. Contudo, no caso de renúncia, não reeleição ou cassação, o processo será mantido na Corte.

Acompanharam o relator os ministros Dias Toffoli, Flávio Dino, Cristiano Zanin, Alexandre de Moraes e Luís Roberto Barroso. André Mendonça e Edson Fachin votaram contra a ampliação do foro. Faltam os votos de Cármen Lúcia e Luiz Fux.

A Corte julga um habeas corpus protocolado pela defesa do senador Zequinha Marinho (Podemos-PA). 

O parlamentar é acusado da prática de “rachadinha”. Ele é  suspeito de exigir parte do salário de funcionários de seu gabinete, em 2013, quando era deputado federal.  Ao longo do tempo, o político foi eleito vice-governador do Pará e senador, e o processo foi transferido entre as instâncias da Justiça.

Um recurso da ex-senadora Rose de Freitas também é julgado.

Fonte: EBC Notícias

Supremo celebra acordo e garante TI Ñande Ru Marangatu aos indígenas

O Supremo Tribunal Federal (STF) concluiu nesta quarta-feira (25) um acordo que garante aos indígenas a posse da Terra Indígena (TI) Ñande Ru Marangatu, em Mato Grosso do Sul. Pelo acordo, a União indenizará os proprietários da terra, que deverão deixar o local em até 15 dias. Após esse prazo, a população indígena poderá ingressar no espaço de forma pacífica.

A região era alvo de disputas violentas entre indígenas e fazendeiros e culminou na morte jovem Neri Guarani Kaiowá, atingido por um tiro na cabeça no dia 18 de setembro. O episódio provocou revolta entre os indígenas, entidades defensoras dos povos originários e a ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara.

O acordo foi fechado em audiência convocada pelo ministro Gilmar Mendes, relator do processo sobre o caso. Participaram representantes dos proprietários, lideranças indígenas, integrantes da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), da Advocacia-Geral da União, do Ministério dos Povos Indígenas e do governo do Estado de Mato Grosso do Sul.

Indenização

A União deverá pagar aos proprietários o valor de R$ 27,8 milhões a título das benfeitorias apontadas em avaliação individualizada feita pela Funai em 2005, corrigidas pela inflação e a Taxa Selic. O valor será viabilizado por meio de crédito suplementar.

Brasília (DF), 19/09/2024 - A ministra Sonia Guajajara durante encontro com o ministro do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, para tratar sobre o processo de homologação da Terra Indígena Ñande Ru Marangatu, no município de Antônio João (MS). Foto: Mre Gavião/Ascom MPI
Acordo foi fechado em audiência convocada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes. Ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara acompanhava negociações e cobrava desfecho. Foto: Mre Gavião/Ascom MPI

Os proprietários também devem receber indenização, pela União, no valor de R$ 101 milhões pela terra nua. O Estado de Mato Grosso do Sul deverá ainda efetuar, em depósito judicial, o montante de R$ 16 milhões, também a serem pagos aos proprietários.

O acordo prevê também a extinção de todos os processos em tramitação no Judiciário envolvendo a disputa da TI. Os processos serão extintos sem resolução de mérito.

Celebração

Por pedido dos indígenas, foi discutido e incluído no acordo por consenso com os proprietários uma cerimônia religiosa e cultural no local de falecimento de Neri Guarani Kaiowá. O ato contará com a presença de 300 pessoas da comunidade indígena no próximo sábado, 28 de setembro, das 6h às 17h. A Funai e a Força Nacional acompanharão o evento.

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Termina prazo para X comprovar reativação de representação no Brasil

Terminou às 21h29 desta sexta-feira o prazo dado pelo ministro Alexandre de Moraes para a rede social X comprovar a legalidade da nova representação legal constituída no Brasil.

Ontem (19), o ministro deu prazo de 24 horas para a empresa comprovar a reativação da representação. A decisão de Moraes foi tomada após a rede informar ao Supremo que os advogados André Zonaro Giacchetta e Sérgio Rosenthal vão representar a empresa.

Procurada pela Agência Brasil, a defesa da rede social ainda não respondeu se a documentação foi entregue. 

O ministro pediu que a empresa envie documentos de registro na Junta Comercial e que comprovem a nomeação dos advogados citados para representá-la oficialmente.

No mês passado, Moraes que retirou o X do ar após a empresa fechar seu escritório do Brasil, condição obrigatória para qualquer firma funcionar no país.

No dia 17 de agosto, o bilionário Elon Musk, dono da rede social,  anunciou o fechamento da sede da empresa no Brasil após a rede ser multada por se recusar a cumprir a determinação de retirar do ar perfis de investigados pela Corte pela publicação de mensagens consideradas antidemocráticas. 

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Barroso pede ao Judiciário seriedade no combate a queimadas criminosas

O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), Luís Roberto Barroso, cobrou nesta segunda-feira (16) seriedade do Poder Judiciário no combate às queimadas criminosas no país.

Durante discurso na abertura da reunião do Observatório do Meio Ambiente e de Mudanças Climáticas do CNJ, Barroso disse que recebeu um telefonema do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que demonstrou preocupação com a impunidade de quem pratica queimadas dolosas.

“Faço um apelo ao Poder Judiciário, aos juízes brasileiros, que tratem esse crime com a seriedade que ele merece ser tratado”, afirmou.

Barroso disse que tem informações técnicas que confirmam que todas as queimadas na Amazônia e no Pantanal são provocadas pela ação humana. 

“Tem a ação criminosa deliberada, que é de tocar fogo na mata, e tem a ação criminosa de queima de lixo, que também tem servido para propagar essas queimadas que estão devastando o país”, disse. 

Ontem (15), o ministro Flávio Dino, do Supremo, autorizou o governo federal a emitir créditos extraordinários fora dos limites fiscais para o combate às queimadas. O ministro também já determinou medidas para o enfrentamento aos incêndios na Amazônia e no Pantanal, como contratação emergencial de brigadistas e ampliação do efetivo da Força Nacional. 

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Governo entra com primeira ação por danos climáticos contra a Amazônia

A Advocacia-Geral da União (AGU) e o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) protocolaram nesta segunda-feira (16) na Justiça Federal do Pará uma ação para cobrar a reparação financeira por danos climáticos. 

A ação busca o ressarcimento de R$ 635 milhões pela criação ilegal de gado na Floresta Nacional do Jamanxim, unidade de conservação situada na Amazônia. É a primeira ação por danos climáticos movida pelo ICMBio e a AGU.

De acordo com os órgãos, o prejuízo social envolve danos com desmatamento, queimadas ilegais, aplicação de agrotóxico, destruição de áreas de preservação permanente e o impedimento da regeneração da área degradada. Na ação, os órgãos pediram à Justiça que a área seja desocupada em 30 dias.  

Durante a fiscalização, os agentes do ICMBio flagraram cerca de 3 mil cabeças de gado nas áreas desmatadas. Os animais não tinham registro na vigilância agropecuária do Pará. As fazendas irregulares foram multadas e embargadas pelo instituto.

Durante a cerimônia de anúncio da propositura da ação, o advogado-geral da União, Jorge Messias, garantiu que o governo federal será rigoroso na punição de crimes ambientais. “O governo federal terá tolerância zero contra os infratores ambientais. Nós não toleraremos, de forma alguma, qualquer tipo de infração ambiental, principalmente em áreas de conservação e de preservação”, afirmou.

O cálculo do prejuízo foi avaliado a partir do custo social da emissão de gases estufa na área danificada. Estima-se que 1.139.075 toneladas de carbono tenham sido emitidas nos 7.075 hectares danificados da unidade de conservação.

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Delegado da PF diz que há indícios de ação coordenada em incêndios

O delegado da Policia Federal Humberto Freire de Barros disse que parte dos incêndios florestais no país pode ter ocorrido por meio de ações coordenadas.  A declaração do delegado foi dada em entrevista realizada nesta sexta-feira (13) pela Globo News.

Barros é diretor de Amazônia e Meio Ambiente da PF. Segundo ele, a investigação preliminar da polícia aponta para a realização de incêndios simultâneos.

“A gente vê que alguns incêndios começaram quase que ao mesmo tempo. Isso traz o indício de que podem ter acontecido ações coordenadas. É um ponto inicial da investigação”, afirmou na entrevista.

A hipótese de ação humana em parte das queimadas que assolam o país neste mês também já foi levantada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Flávio Dino, que determinou medidas para o enfrentamento aos incêndios na Amazônia e no Pantanal.

Na terça-feira (10), durante audiência de conciliação realizada pela Corte, Dino defendeu a investigação e punição de quem provoca queimadas ilegais.

“Há ação humana. Por isso, o Supremo vem com essa ideia de diálogo, mas, ao mesmo tempo, de coerção, investigação e punição dessa ação humana”, disse o ministro. 

De acordo com levantamento mais recente do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, estão sendo usados para o combate às chamas no Pantanal 842 profissionais e 18 aviões. Há 116 incêndios registrados e 83 extintos.

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